Estramónio

Tal qual um velho bruxo, narcotizado por estramónio, viajo alucinado, montando numa vassoura voadora, percorrendo um mundo próprio, criado pelo progressivo desligar das sinapses cerebrais. Completamente psicótico, vejo luzes, reflexos e bolas coloridas rebentam frente a meus olhos atordoando sentidos e sensações que, suspeito, já ser a única forma de diferencia entre estar meio morto e ter morrido.

Da viagem, tudo quanto fica para trás é percurso sem retorno, montanhas e profundos vales, planuras de nada, esferas em rotação articulada, universos metidos em caixas, prontos a serem despachados em direcções obliquas... Na partida pensei ser uma sucessiva soma tendente a numa qualquer divindade, hoje, parece um amontoado de esquecimentos que preparam e antecedem o sono;

Mas... lembro-me de Ti... (lembro-me sempre de Ti)

Concede-me um beijo antes de adormecer.

4 comentários:

Anónimo disse...

O amor como aquele que tens descrevido ao longo dos teus textos é para os contos romanticos como os teus. Ninguém pode amar assim.

Anónimo disse...

hummm por curiosidade; o que leva a essa conclusão?

Anónimo disse...

Pela ausencia.

Anónimo disse...

Nem tudo que é escrito precisa de leitor(es), não sendo lido são somente, não reflexões, mas reflexos expiatórios e, a ausência, um anagrama da morte, seria a suprema expiação, se existisse essa possibilidade; a ausência não é predicativo do que de nós faz parte, é impossível a dissociação, assim como é impossível os olhos verem-se a eles próprios e, no entanto, eles é que permitem ver.